terça-feira, 20 de junho de 2017

Juliana Brizola atualiza perfil político de Brizola 12 anos após sua morte

Francis Maia - MTE 5130 - 15:25 - 29/06/2016 - Foto: Marcelo Bertani

Para registrar os 12 anos da morte de Leonel Brizola, o Grande Expediente Especial desta terça-feira (29) foi ocupado pela deputada Juliana Brizola (PDT), que recapitulou a biografia do líder político comprometido com a democracia e as causas populares. Mas a deputada, que é neta do homenageado, fez um contraponto das quatro gestões administrativas de Brizola – na prefeitura de Porto Alegre, no governo do Rio Grande do Sul e em dois mandatos como governador do Rio de Janeiro – para evidenciar que é possível direcionar as políticas públicas para os desabrigados sociais “sem sujar as mãos”.
 
Considerado um dos maiores líderes políticos da segunda metade do século passado, Leonel Brizola faleceu em 21 de junho de 2004, aos 82 anos, no Rio de Janeiro. Dono de um estilo próprio na política, ele deixou marcas profundas como governante, resultado de ações definidas e uma capacidade singular de comunicação. Nascido pobre no interior de Carazinho, enfrentou severas dificuldades para sentar nos bancos escolares, lição pessoal que transformou em obra e legado ao construir mais de seis mil escolas quando governou o Estado, no início da década de 60, chamadas “brizoletas”, retirando os gaúchos do analfabetismo. O empenho pela educação avançou para o projeto dos Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, construídos no período dos dois governos no Rio de Janeiro, com investimentos que alcançaram 54% do orçamento.
 
Crianças na escola
“Brizola escolheu a forma de combater os desvios sociais pela educação”, resumiu Juliana da tribuna, que iniciou o discurso contando o ato administrativo de 1959, quando encampou as empresas norte-americanas de telefonia e energia elétrica e imprimiu sua original determinação para os fatos políticos. O feito repercutiu e o poeta chileno Pablo Neruda, Nobel de Literatura, em poema escreveu: “Celebrando a chegada de Brizola no cenário da América como uma deslumbrante encarnação de nossas esperanças”.
 
O perfil político de Brizola desde jovem teve contornos desafiadores para o conservadorismo da época, “no final dos anos 50, o Rio Grande do Sul era assentado numa economia agropastoril e gerava imensa pobreza humana”, contextualizou a deputada, evidenciando a ousadia adotada para alcançar o desenvolvimento, o que foi possível através de medidas pioneiras como a criação do BRDE, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, e da Caixa Econômica Estadual, o Polo Petroquímico, a CEEE, a Usina de Candiota, a CRT, Companhia Rio-grandense de Telecomunicações, construiu estradas e pontes, modernizou o transporte ferroviário, e criou o Instituto Gaúcho de Reforma Agrária, o IGRA, “distribuindo mais de 14 mil títulos a agricultores sem-terra, realizando a reforma agrária da Fazenda Sarandi, no Banhado do Colégio, Caponé, Itapoá, Taquari e Pangaré”, salientou Juliana.
 
Desafiador de uma época

A passagem pela Escola Agrícola de Viamão, a ETA, aos 14 anos, e no Colégio Júlio de Castilhos pavimentaram a formação estudantil e política do futuro secretário de Obras, prefeito da capital e governador do Estado que, aos 39 anos, liderou a Campanha da Legalidade, movimento de resistência à tentativa de golpe militar depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, ação que visava impedir a posse do vice-presidente, João Goulart. Brizola liderou o maior levante popular da história do Brasil com “a disposição de morrer lutando pelo cumprimento da Constituição”, afirmou ela. Eleito deputado federal com a maior votação da época, organizou o Grupo dos Onze e pregava a implantação das Reformas de Base, as reformas agrária, urbana, fiscal e a Lei de Remessa de Lucros, o combustível que incendiou os conservadores para a derrubada do governo de João Goulart, em 1964.
 
Cassado, amargou 15 anos de exílio, primeiro tentando organizar a resistência através do Uruguai e, mais tarde, construindo a alternativa democrática em Lisboa, onde reuniu os trabalhistas exilados. Voltou ao Brasil em 1979, anistiado, recuperou seus direitos políticos e editou seu novo capítulo na história republicana. Mais uma vez desafiou as elites e venceu a disputa pelo governo do Rio de Janeiro, em 1982, quebrando a hegemonia de conservadores políticos e empresariais que, ainda hoje, dominam o cenário nacional, contou Juliana Brizola.
 
Ao encerrar, disse que “de todas suas ações e sua forma republicana de gerir a coisa pública, se extrai uma lição, que é essencial nos dias atuais: é possível fazer política sem sujar as mãos”.
 
Apartes
Em aparte manifestaram-se os deputados Alexandre Postal (PMDB), Missionário Volnei (PSC), Eduardo Loureiro (PDT), Miki Breier (PSB), Pedro Ruas (PSOL), Regina Becker Fortunati (Rede), Adão Villaverde (PT), Pedro Pereira (PSDB), e Manuela d’Ávila (PCdoB).

Extraído de: http://ww1.al.rs.gov.br/julianabrizola/Imprensa/DetalhesdaNot%C3%ADcia/tabid/1767/IdMateria/305647/Default.aspx

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